sexta-feira, 27 de março de 2009

Mesa bagunçada, oficina de criação

'Uma mesa desarrumada é um catalizador de inspirações'. Quem disse isso foi Jason Arber, que é co-fundador da Wyld Stallyons, empresa de animação e motion graphics de Londres. Ele trouxe à tona um problema que qualquer agência de publicidade enfrenta: a desorganização do pessoal da criação.

Eu sou um ser bagunçado. Desde criança. Sei lá, tá em mim. Quando eu tinha 5 anos, minha mãe me mandou arrumar o guarda-roupas às 8h da manhã e disse que eu só sairia de lá quando tivesse terminado. Saí do quarto às 16h. Minha mochila era um horror. Provas jogadas no fundo, cadernos amontoados, às vezes até uma caneta que tinha vazado a tinta. Minha casa é desarrumada, meu quarto é desarrumado e minha bolsa é um caos. Mas eu me acho no meio disso tudo. Eu sei quando eu precisar de um cabo usb, ele vai estar jogado na gaveta que eu guardo meias e calcinhas, quando precisar de uma tesoura, ela vai estar na gaveta do banheiro.

Minha mesa na agência é um horror para os organizados de plantão. Nesse exato momento, posso ver um copo com água, minha xícara de café, que eu tenho o imenso cuidado de deixar um restinho dentro pro açúcar não grudar no fundo, um fone de ouvido, meu mp4 que jaz sem bateria atrás do computador, minha bolsa, um pacote de Fandangos que até tem uns salgadinhos caindo em cima de um job, um caderno que eu rabisco de brainstorms ao telefone da lavanderia, meu celular que fica do lado do computador porque assim, antes mesmo dele tocar, começa a dar interferência e eu já pego na mão e mais alguns papeis que tem algo escrito, mas eu não consigo ler porque comecei a usá-los como porta-copos e manchou tudo que tava anotado.

Minha chefe reclamou da bagunça outro dia. O que me conforta é saber que não sou só eu a bagunçada da história pois o diretor de arte e o diretor de criação também são adeptos da filosofia do 'amanhã eu arrumo'. Depois que ela saiu, arrumamos tudo. Como eu uso um notebook, tenho ainda mais espaço pra bagunçar: a gaveta do teclado. Além de tudo, é uma solução rápida pra quando algum cliente aparece aqui querendo conhecer o pessoal que faz os trabalhos dele. Mas enfim, arrumamos. Só que era o dia da hora extra. No dia seguinte, pela manhã a caixa de pizza estava na mesa da produção, a narguile na mesa do cafezinho e jobs espalhados. É assim, que é! Não adianta você tentar dizer pra uma pessoa que nasceu desorganizada pra ela virar uma maníaca por limpeza/arrumação.

E tenho a solução pra isso: a sala da criação devia ser uma câmara lacrada e com isolamento acústico. Teríamos uma portinha, assim como as que o carcereiro passa a comida pro preso, onde o atendimento passaria os jobs. Um telefone que não toca, mas pisca uma luz vermelha, tipo o das Meninas Super Poderosas, seria o contato direto com a produção. A entrada seria liberada apenas por senha ('qual a senha?', 'viral do nintendo wii', e a porta se abriria rapidamente).

Assim, teríamos criativos felizes, falando seus palavrões sem culpa, fazendo piadas de humor negro, vendo propagandas barulhentas no Youtube com suas mesas bagunçadas. O atendimento e os clientes não reclamariam de nada, afinal, não teriam contato com os seres semi-civilizados da criação. E no fim, todos seriam felizes, passarinhos cantariam, crianças jogariam bola nas ruas, gatos perseguiriam seus ratos enquanto são perseguidos pelo cachorro escandaloso da vizinha, mães mandariam seus pimpolhos levarem uma blusa, pois o tempo pode mudar. A vida seguiria seu rumo, enquanto a criação, estaria a salvo dos ataques histéricos de chefes e atendimentos.

terça-feira, 3 de março de 2009

As cinco pessoas que você encontra no inferno

Provavelmente você já ouviu falar no livro 'As cinco pessoas que você encontra no céu'. Bobagem. É no inferno que as pessoas mais legais e as melhores bandas de rock vão parar. Lá, se você não ajudou as criancinhas da África, riu da desgaça alheia e fez dos 7 pecados sua filosofia de vida, com certeza vai encontrar:

Rogério Skylab: Um ícone. Ele mostra que você pode ser muito louco, fumar muita maconha, fazer músicas doentias e ainda assim, trabalhar no Banco do Brasil e ser entrevistado pelo Jô Soares.

Nigel Goodman: nada é sagrado para ele. Ele bebe. Ele xinga. E ele vai estragar o seu feriado surpresa.

Damião Experiênça: O maior líder espiritual do milênio. Inri Christ não é nada perto da sabedoria desse homem simples que acredita na existência do Planeta Lamma e desenvolveu sua própria língua: a língua Lhama. Suas músicas são repletas de mensagens filosóficas e, certamente, seus filhos vão estudá-lo na aula de História.


Coringa: Ele é mau. Ele é debochado. E ele acaba com uma cidade inteira usando apenas gasolina, dinamite e maquiagem.

Tuany Fraga: Afinal, venerar esses caras não é muito politicamente correto.





Te vejo lá (?)